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Minas Gerais incentiva produção de medicamentos anti-HIV e Hanseníase

Por ABN   22 de março de 2002
BELO HORIZONTE - A Fundação Ezequiel Dias assinou convênios com o Ministério da Saúde para a fabricação de medicamentos anti-retrovirais : a Didanosina e a Nevirapina, que compõem o coquetel anti-HIV, com a produção para este semestre estimada em 3,3 milhões de comprimidos e a Talidomida, com produção prevista no mesmo período de 3,5 milhões de unidades, que além de ser utilizada no tratamento da Hanseníase é também um coadjuvante no tratamento da AIDS. Esses medicamentos fazem parte dos programas estratégicos do Ministério da Saúde.

A Funed é um dos 16 laboratórios oficiais do país e possui uma linha farmacêutica de 42 itens, que além dos programas especiais do Ministério, atende prioritariamente ao Programa Estadual de Assistência Farmacêutica, cujo objetivo é a produção e a distribuição gratuita de medicamentos básicos aos municípios mineiros, através do SUS .

Para este ano, a Fundação já iniciou, com recursos estaduais e federais, o processo de modernização e ampliação de sua fábrica de medicamentos, o que vai permitir que, em 2002, a Instituição dê um salto na sua capacidade instalada de 400 milhões de unidades farmacêuticas/ano ( frascos, comprimidos e bisnagas) para 1 bilhão e 400 milhões de unidades.

Já em fevereiro deste ano, a produção, que estava no patamar de 1 milhão de unidades/ dia, dobrou, passando para 2 milhões de unidades diárias. Na solenidade de assinatura dos convênios, a Fundação foi representada pelo superintendente-geral, Ivan Vaz de Mello e pelo diretor de Produção Farmacêutica e de Imunobiológicos , Gilberto José Ribeiro.

A Talidomida é usada no combate à hanseníase e também utilizada no tratamento da AIDS, neste caso, nas manifestações de úlcera aftosa associada à imunodeficiência. Pesquisas mais recentes têm verificado sua eficácia contra o câncer e doenças crônicas degenerativas ( lúpus eriternatoso, doenças enxerto-versus-hospedeiro). A Fundação Ezequiel Dias é o único laboratório oficial autorizado pelo Ministério da Saúde a produzir esse medicamento no Brasil.

Desenvolvida na Alemanha em 1954, como medicamento sedativo, passou a ser utilizada por mulheres grávidas com a finalidade de eliminar os efeitos colaterais e enjôos que acompanham a gravidez. Logo, começaram a aparecer relatos de casos de nascimento de bebês com má formação (focomelia), sindrome caracterizada pela aproximação ou encurtamento dos membros junto ao tronco. Foram mais de 10 mil casos registrados em todo o mundo. Por este motivo, o medicamento foi retirado do mercado mundial na década de 60. No Brasil , uma portaria do Ministério da Saúde proíbe o seu uso por mulheres em idade fértil.

A Funed, no caso da Talidomida , além de obedecer rigorosamente aos critérios de boas práticas de fabricação e controle de qualidade nas suas linhas de produção, impõe normas de segurança especiais em sua produção, não permitindo que mulheres atuem nas etapas de elaboração desse medicamento.

No tratamento da Hanseníase, a Talidomida é utilizada nas manifestações agudas da doença, antes, durante e após o tratamento específico, por manifestação do sistema imunológico do indivíduo.

Em relação ao câncer, experiências em nível mundial têm demonstrado que a droga é um eficaz agente antiogiogênico, ou seja, inibe a formação de vasos sanguíneos que alimentam os tumores.

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