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Jovens dão novas cores à cidade

Por Geovani Barreto- Diário de São Paulo   9 de abril de 2002
São Paulo - A parceria entre antigos pichadores, jovens da periferia e organizações não-governamentais (ONGs) está mudando a cara de muitas vielas, becos e ruas da cidade. Na Vila Madalena, Zona Oeste, por exemplo, muros antes tomados por rabiscos indecifráveis agora exibem pinturas feitas por alunos dos projetos Beco-Escola e Hip-Hop, desenvolvidos pelas organizações Cidade Escola Aprendiz e Quixote.

Segundo Eymard Ribeiro, coordenador do Projeto Beco-Escola, que embeleza vielas e becos sujos, a interação entre os grafiteiros é uma grande vantagem. “Somos 15 grafiteiros. Do ano 2000 até hoje, já fizemos mais de 100 painéis. A arte muda o sentido da vida do ser humano”, disse.

Ricardo Akemi, um dos antigos pichadores que faz parte do projeto há aproximadamente um ano e meio, disse que com o tempo adquiriu muitas amizades, técnicas e melhorou bastante a sua arte. “Antes, eu era apenas um pichador, agora libero a minha expressão e real sentimento nos trabalhos.”

A recuperação do Beco-Escola, antigo beco Córrego Verde, que liga as ruas Belmiro Braga e Padre João Gonçalves, na Vila Madalena, é a prova concreta de que o trabalho é importante porque, além de embelezar o lugar, mostra também a arte de vários nomes do grafite, que antes eram apenas meros pichadores de muros.

O Hip Hop Urra!, criado pela entidade Projeto Quixote, que reúne veteranos do movimento Hip-Hop, adolescentes de diferentes classes e educadores que trabalham com garotos em situação de risco, é outro responsável pelos grafites espalhados por toda a cidade. Um exemplo é o “Sampaz”, no muro da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), na estação da Barra Funda. Além dessa obra, o projeto já realizou mais cinco grafitagens coletivas com os títulos de “Justiça Social e Paz”, “Educação Sem Exclusão”, “Pai : Herói ou Vilão”, “Ame Sem Preconceito” e “Ordem e Progresso?”

No caso da Sampaz, que aconteceu em 25 de janeiro, aniversário da Capital, mais de 200 jovens e adolescentes trabalharam no muro. Eles tiveram como meta produzir arte e mensagens de paz. A intenção era contribuir para a transformação social de outros jovens que são personagens ativos no cotidiano da metrópole. No evento estiveram presentes vários DJs, rappers e dançarinos de break ligados a grupos de toda a Grande São Paulo.

O trabalho de embelezamento através da grafitagem tem recebido o apoio dos órgãos públicos e conquistado todos que passam, de carro ou a pé, em frente aos muros-painéis

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