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Crianças perdem a infância na disputa do comércio ambulante
Por A Tarde - Cláudio Bandeira   16 de abril de 2002
A labuta pela sobrevivência, em uma realidade de grandes desigualdades
econômicas, se impõe sobre qualquer tentativa de minorar o sofrimento da
maioria excluída. É o caso, por exemplo, da exploração do trabalho infantil,
uma das questões centrais do ainda pouco aplicado Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA). Apesar das sanções legais contidas no ECA, crianças na
faixa dos 12 anos continuam a pedir trocados nas sinaleiras ou a vender
balas, água ou refrigerante no interior dos ônibus, em vez de estarem na
escola.
Na tarde de sexta-feira, seis dessas crianças, portando vasilhames com amendoins, balas e água mineral, esperavam a chegada dos ônibus que circulam na RMS, no ponto existente no final da Ladeira Mesquita dos Barris, pouco depois da Estação da Lapa. A primeira meta é conseguir conquistar a boa vontade, nem sempre possível, do motorista para ter acesso ao veículo e, assim, poder ganhar mais alguns trocados. A maioria afirma não se sentir obrigada pela família a estar ali. Pelo contrário. Demonstram contentamento por estarem ajudando os parentes.
Contudo, a ansiedade estampada no rosto dessas crianças denuncia que a vida poderia ser mais amena e confortável. Na contramão, vivenciam o estressante embate cotidiano com a agressiva concorrência dos companheiros "de negócio", alguns um pouco maiores e mais fortes e desconhecendo o que seja respeito à individualidade. Apesar disso, quando arguídos se estão satisfeitos com o tipo de trabalho, não pensam duas vezes em afirmar que não têm outro jeito. Não conseguem, contudo, esconder uma certa decepção com o que a sorte lhes reservou.
Sem alternativa
Aos 14 anos, Alex Silva Santos se desloca diariamente, "na ponga" de um coletivo, cerca de 28 quilômetros, de Águas Claras - onde mora com cinco irmãos - até as proximidades da Estação da Lapa. Ali, passa o dia aprendendo de mestres nem sempre recomendáveis. Alimenta-se abaixo de suas necessidades de crescimento, razão pela qual aparenta menor estatura e peso que os adolescentes da sua idade em melhor posição social.
Perguntado se gosta do que faz, responde meio raivoso: "Vai fazer o quê, roubar?". Jurando estar na escola, ele se queixa dos motoristas que em geral impedem seu acesso aos ônibus. Alex conta que já perdeu o número de vezes que presenciou assaltos no local onde costuma fazer ponto, demonstrando contentamento por não ter sido uma das vítimas.
Seu companheiro de labuta, Gilson da Silva Conceição, 12 anos, se queixa da falta de um sanitário, que o lvea a usar uma árvore que foi transformada em "banheiro público", indistintamente, por crianças e adultos. Alex, por sua vez, revela que nos "dias bons" costuma levar para casa até R$ 15. Aparentando maturidade para uma criança de sua idade, ele no entanto se ilude e diz que seu grande sonho é ficar rico para melhorar a vida da família.
Na tarde de sexta-feira, seis dessas crianças, portando vasilhames com amendoins, balas e água mineral, esperavam a chegada dos ônibus que circulam na RMS, no ponto existente no final da Ladeira Mesquita dos Barris, pouco depois da Estação da Lapa. A primeira meta é conseguir conquistar a boa vontade, nem sempre possível, do motorista para ter acesso ao veículo e, assim, poder ganhar mais alguns trocados. A maioria afirma não se sentir obrigada pela família a estar ali. Pelo contrário. Demonstram contentamento por estarem ajudando os parentes.
Contudo, a ansiedade estampada no rosto dessas crianças denuncia que a vida poderia ser mais amena e confortável. Na contramão, vivenciam o estressante embate cotidiano com a agressiva concorrência dos companheiros "de negócio", alguns um pouco maiores e mais fortes e desconhecendo o que seja respeito à individualidade. Apesar disso, quando arguídos se estão satisfeitos com o tipo de trabalho, não pensam duas vezes em afirmar que não têm outro jeito. Não conseguem, contudo, esconder uma certa decepção com o que a sorte lhes reservou.
Sem alternativa
Aos 14 anos, Alex Silva Santos se desloca diariamente, "na ponga" de um coletivo, cerca de 28 quilômetros, de Águas Claras - onde mora com cinco irmãos - até as proximidades da Estação da Lapa. Ali, passa o dia aprendendo de mestres nem sempre recomendáveis. Alimenta-se abaixo de suas necessidades de crescimento, razão pela qual aparenta menor estatura e peso que os adolescentes da sua idade em melhor posição social.
Perguntado se gosta do que faz, responde meio raivoso: "Vai fazer o quê, roubar?". Jurando estar na escola, ele se queixa dos motoristas que em geral impedem seu acesso aos ônibus. Alex conta que já perdeu o número de vezes que presenciou assaltos no local onde costuma fazer ponto, demonstrando contentamento por não ter sido uma das vítimas.
Seu companheiro de labuta, Gilson da Silva Conceição, 12 anos, se queixa da falta de um sanitário, que o lvea a usar uma árvore que foi transformada em "banheiro público", indistintamente, por crianças e adultos. Alex, por sua vez, revela que nos "dias bons" costuma levar para casa até R$ 15. Aparentando maturidade para uma criança de sua idade, ele no entanto se ilude e diz que seu grande sonho é ficar rico para melhorar a vida da família.