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Ipea: 59% das empresas investem no social
Por O Estado de São Paulo - LUCIANA GARBIN   17 de abril de 2002
Pesquisa mostra que cresce o número de programas na área em todo o País
Os investimentos de empresas brasileiras em projetos sociais estão crescendo. Só na região Sudeste, a mais rica do País, dois terços destinam algum dinheiro para esse fim, o que representa 0,6% do PIB. No Brasil todo, são 59%. Essas são algumas informações da Pesquisa Ação Social das Empresas, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Realizada com cerca de 1.800 empresas em cada uma das regiões do País, ela ainda não está totamente concluída, mas mostra, segundo a coordenadora-geral, Anna Maria Medeiros Peliano, que o Brasil está num bom caminho, mas, se quiser avançar, precisa corrigir rotas e rumos e pegar atalhos.
O primeiro é articular melhor as ações do setor privado, que ainda são muito pontuais e sobrepostas. "É preciso uma estratégia articulada, com compromisso com metas e resultados."
Segundo ela, os resultados da pesquisa impressionam pelo porcentual de empresas envolvidas em ações sociais e pelo volume de recursos, mas, considerando-se a riqueza produzida nas regiões, os investimentos podem crescer. Nesse caminho, a sociedade tem papel fundamental, pois, com a globalização e as inovações teconólogicas, tem sido difícil para as grandes empresas se diferenciarem só por qualidade de produto e preço. "A tendência mundial é a de consumidores e investidores começarem a se interessar pelo comportamento das empresas e darem preferência às socialmente responsáveis."
Apesar de a filantropia ainda estar muito presente nas ações sociais e as decisões se concentrarem nas mãos de altos executivos, já há também uma tendência de empresas tomarem atitudes de maior comprometimento com o desenvolvimento humano. "Ajudar gratifica", de acordo com Ana Maria, Ela lembra que os anos 90 foram um marco para o crescimento da responsabilidade social, favorecido pela redemocratização, fortalecimento da sociedade civil e percepção de que era impossível o Estado resolver todos os problemas.
No Sudeste, 70% das empresas criadas antes da década de 80 começaram a atuar socialmente nos 90 e, mesmo as maiores, que já tinham alguma ação, se estruturaram melhor na década passada.
Constatou-se ainda que a preocupação com educação - tema próximo do empresariado pela necessidade de qualificação de mão-de-obra - aumenta à medida que a empresa cresce: enquanto 9% das pequenas atuam no setor, o percentual se eleva para 43% entre as grandes.
Algumas conclusões da pesquisa já vêm sendo discutidas em conselhos governamentais e deverão ser enviadas a ministérios ligados à área social.
"O governo tem de aprender a trabalhar com o setor privado, porque não há essa tradição e existe até certa desconfiança de parte a parte", explica Ana Maria, destacando a importância dessa parceria.
Em sua opinião, se a sociedade se mobilizar e o setor privado ajudar, vai ser possível diminuir o fosso social brasileiro. "Mas não se pode substituir políticas públicas, pois a exclusão social não é só uma questão de recursos: passa também pela melhoria nos níveis de educação, saúde, nutrição, que têm a ver com moradia, cidadania e participação na vida política."
A Fundação Orsa e o Instituto Pão de Açúcar são dois exemplos de entidades criadas nos anos 90, que realizam ações sociais. A primeira recebe, todos os anos, 1% do faturamento bruto do Grupo Orsa e mantém desde atendimento a meninos em situação de risco até o serviço Alô Vida, que tira dúvidas por telefone sobre adoção, deficiências e violência contra crianças.
Com três anos de atividade, o Instituto Pão de Açúcar prevê para este ano recursos da ordem de R$ 10 milhões, quase o dobro dos R$ 6 milhões do ano passado. Desde 1998, investiu R$ 13 milhões e atendeu 21 mil crianças e jovens.
Os investimentos de empresas brasileiras em projetos sociais estão crescendo. Só na região Sudeste, a mais rica do País, dois terços destinam algum dinheiro para esse fim, o que representa 0,6% do PIB. No Brasil todo, são 59%. Essas são algumas informações da Pesquisa Ação Social das Empresas, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Realizada com cerca de 1.800 empresas em cada uma das regiões do País, ela ainda não está totamente concluída, mas mostra, segundo a coordenadora-geral, Anna Maria Medeiros Peliano, que o Brasil está num bom caminho, mas, se quiser avançar, precisa corrigir rotas e rumos e pegar atalhos.
O primeiro é articular melhor as ações do setor privado, que ainda são muito pontuais e sobrepostas. "É preciso uma estratégia articulada, com compromisso com metas e resultados."
Segundo ela, os resultados da pesquisa impressionam pelo porcentual de empresas envolvidas em ações sociais e pelo volume de recursos, mas, considerando-se a riqueza produzida nas regiões, os investimentos podem crescer. Nesse caminho, a sociedade tem papel fundamental, pois, com a globalização e as inovações teconólogicas, tem sido difícil para as grandes empresas se diferenciarem só por qualidade de produto e preço. "A tendência mundial é a de consumidores e investidores começarem a se interessar pelo comportamento das empresas e darem preferência às socialmente responsáveis."
Apesar de a filantropia ainda estar muito presente nas ações sociais e as decisões se concentrarem nas mãos de altos executivos, já há também uma tendência de empresas tomarem atitudes de maior comprometimento com o desenvolvimento humano. "Ajudar gratifica", de acordo com Ana Maria, Ela lembra que os anos 90 foram um marco para o crescimento da responsabilidade social, favorecido pela redemocratização, fortalecimento da sociedade civil e percepção de que era impossível o Estado resolver todos os problemas.
No Sudeste, 70% das empresas criadas antes da década de 80 começaram a atuar socialmente nos 90 e, mesmo as maiores, que já tinham alguma ação, se estruturaram melhor na década passada.
Constatou-se ainda que a preocupação com educação - tema próximo do empresariado pela necessidade de qualificação de mão-de-obra - aumenta à medida que a empresa cresce: enquanto 9% das pequenas atuam no setor, o percentual se eleva para 43% entre as grandes.
Algumas conclusões da pesquisa já vêm sendo discutidas em conselhos governamentais e deverão ser enviadas a ministérios ligados à área social.
"O governo tem de aprender a trabalhar com o setor privado, porque não há essa tradição e existe até certa desconfiança de parte a parte", explica Ana Maria, destacando a importância dessa parceria.
Em sua opinião, se a sociedade se mobilizar e o setor privado ajudar, vai ser possível diminuir o fosso social brasileiro. "Mas não se pode substituir políticas públicas, pois a exclusão social não é só uma questão de recursos: passa também pela melhoria nos níveis de educação, saúde, nutrição, que têm a ver com moradia, cidadania e participação na vida política."
A Fundação Orsa e o Instituto Pão de Açúcar são dois exemplos de entidades criadas nos anos 90, que realizam ações sociais. A primeira recebe, todos os anos, 1% do faturamento bruto do Grupo Orsa e mantém desde atendimento a meninos em situação de risco até o serviço Alô Vida, que tira dúvidas por telefone sobre adoção, deficiências e violência contra crianças.
Com três anos de atividade, o Instituto Pão de Açúcar prevê para este ano recursos da ordem de R$ 10 milhões, quase o dobro dos R$ 6 milhões do ano passado. Desde 1998, investiu R$ 13 milhões e atendeu 21 mil crianças e jovens.