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Comunidade carente prospera com lições de vida e cidadania

Por Correio da Bahia - Agnes Mariano   7 de maio de 2002
Vila verde

Ser pobre não é nada fácil, mas é possível sim melhorar as próprias condições de vida. Foi essa a semente que a arquiteta e urbanista Débroa Nunes quis plantar na comunidade de Vila Verde, criada para acolher desabrigados das grandes chuvas de 1995. Nem ela imaginava como essa semente iria frutificar. Hoje, já existem duas creches, escola, horta, cooperativa de alimentação, associação de moradores e o principal: a certeza de que o futuro, certamente, será melhor, porque depende, em boa medida, do que eles próprios façam. A experiência de Débora, que foi a catalisadora das atividades, virou livro em francês editado pela Unesco e já está começando a se espalhar pelo mundo.

Quando conheceu Vila Vede, que ainda nem tinha esse nome, Débora estava em busca de um lugar para colocar em prática a sua "pedagogia da participação", inspirada em Paulo Freire, Gramsci e Habermas, que era a sua tese de doutorado na França. "Passei um ano aqui. Vi nascer tudo. O objetivo era estimular e instrumentar as pessoas a participar da vida do bairro", conta ela. As técnicas usadas iam desde reuniões a atividades onde os moradores aprendiam como quais são os orgãos públicos a que se devem dirigir para solicitar serviços. Daí eles foram escolhendo as prioridades e as atividades foram nascendo.

A primeira foi o Clube das Mães, uma espécie de associação de moradores, depois veio a escolinha noturna de alfabetização de adultos e então a creche, que até hoje é o carro-chefe, financiada pela ONG italiana Ágata Esmeralda. Débora foi para a França defender a sua tese e aí veio o grande teste: "O princípio dessa metodologia é que, quando o estimulador externo sai, o processo tem que seguir em frente".

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