Notícias

Aumenta atendimento a crianças com câncer

Por Correio Braziliense - Maria Vitória   20 de maio de 2002
Da equipe do Correio



O número de casos novos de câncer infantil diagnosticados e atendidos na rede pública do Distrito Federal duplicou em 20 anos. Na década de 80, os oncologistas pediátricos registravam em média 80 crianças com tumores por ano. Em 2000, foram detectados 176 doentes menores de 18 anos. Em 2001, esse índice ficou em 156. E nos cinco primeiros meses deste ano, os médicos já diagnosticaram 42 crianças com algum tipo de câncer.

Os números fazem parte de uma pesquisa desenvolvida por Ísis Magalhães e José Carlos Córdoba, onco-hematologistas infantis que atendem no Hospital de Apoio e no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). No levantamento, os dois médicos se basearam nos prontuários de crianças atendidas na rede pública do DF. Porém, Ísis alerta que a estatística não representa um simples aumento de crianças com câncer infantil no DF. Segundo ela, três fatores contribuem para a duplicação do número de casos: crescimento populacional do DF (que quase duplicou - de 1,1 milhão de pessoas em 1980 para 2 milhões em 2000), implantação de serviço de atendimento a câncer infantil na rede pública e diagnóstico precoce.

''Na década de 80, atendíamos apenas crianças com leucemia. Agora, detectamos e tratamos todos os tipos de tumores em crianças'', afirma Ísis para justificar o aumento do número de casos. Apesar da mudança de enfoque, a leucemia ainda é o principal tipo de câncer em crianças. Segundo o Registro de Câncer do DF, editado no ano passado, as leucemias representam 23% dos casos diagnosticados como tumores malignos em menores de 18 anos. Em seguida aparecem tumores cerebrais (18%) e linfomas (16%). Ísis e Córdoba também constataram o aumento no índice de cura, que está em torno de 70%, e nos anos 80 ficava por volta de 40%. ''Hoje, temos um patamar de reversão da doença idêntico ao dos EUA, que é de 71%'', afirma Cid Luís de Souza Barros, diretor do Hospital de Apoio, onde atualmente 350 crianças com câncer fazem tratamento de quimioterapia.

Uma boa notícia para pacientes com Andréia Karina, 13 anos, portadora há um ano de leucemia e que ontem se submeteu a mais uma sessão de quimioterapia no Hospital de Apoio. De dois em dois meses, ela interrompe os estudos da 6ªsérie, Escola Classe 307 de Samambaia (cidade onde mora com os pais e três irmãos) e fica dois dias internada para tomar os medicamentos quimioterápicos. ''Não lembro mais o número de vezes que fiz a terapia, mas estou bem melhor'', diz a adolescente.

Comentários dos Leitores