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Movimento luta pelo fim dos manicômios
Por O Diário Online - Marcelo Bulgarelli   20 de maio de 2002
Os hospitais psiquiátricos serão substituídos gradualmente por centros de
atenção psicossocial, serviços sociais terapêuticos e outros programas em
busca da diminuição dos leitos nos manicômios. Esse tema está sendo
apresentado pelo psiquiatra Nacile Daur Júnior, durante a Semana da Saúde
Mental, em Maringá.
Membro da Comissão Nacional de Reforma Psiquiátrica, Daur prevê o fim da
hospitalização dos doentes mentais como uma forma de inclusão desses
indivíduos dentro da sociedade. O fim dos manicômios é uma tendência mundial
preconizada pela Organização Mundial da Saúde.
Daur trabalha na Secretaria de Saúde do Ceará e participou da administração
de Luiza Erundina, em São Paulo. A discussão dos fins dos manicômios no
Brasil começou em 1987. A partir de 1990, o Ministério da Saúde iniciou um
processo de diminuição progressiva dos leitos nos hospitais psiquiátricos e
promoveu a abertura de serviços substitutivos.
MODELO FALIDO
O psiquiatra entende que o modelo de hospital psiquiátrico atual exclui o doente do contexto familiar e comunitário. Estabelece padrão homogêneo de condutas nos pacientes, independente de suas patologias. O sofrimento torna-se crônico a medida que não se trabalha com a inserção desse indivíduo no contexto social e nem com as condições geradoras de seus problemas. Isso provoca internações constantes e sem solução, anulando esses indivíduos. Assim, os hospitais psiquiátricos estariam promovendo três tipos de mortes. A primeira é subjetiva, pois tira do paciente toda sua potencialidade e criatividade. No hospício, tudo é prescrito. Tem ainda a morte social, pois desde a primeira internação ele fica estigmatizado pela sociedade, ganhando o rótulo de "louco", "incapaz" ou "perigoso". A terceira é a morte física. No Brasil, morrem aproximadamente mil pacientes por ano nos hospitais psiquiátricos. "avaliamos que outros mil devem morrer fora desses estabelecimentos, vítimas da violência", acrescentou. Já os serviços substitutivos pretendem garantir a inclusão desses indivíduos. Como são abertos na comunidade, já impossibilitam a violência. Estão no contexto familiar e comunitário. Não são forçados ao tratamento. Por outro lado, a família também é instruída para saber como lidar com o paciente. Esses serviços vão trabalhar junto à família, ao local de trabalho e a escola. "São éticos, resolutivos e humanos, coisa que é impossível dentro de um hospital psiquiátrico. Não é possível humanizar um lugar que promove a exclusão", observou.
RECURSOS
Sobre os pacientes considerados "perigosos", o psiquiatra entende que eles são uma reação proporcional à falta de assistência e a violência da sociedade sobre eles. Historicamente, no Brasil, todos os recursos para a saúde mental foram para os hospitais psiquiátricos. Hoje temos 57 mil leitos no país e a população com necessidade de atendimento é de 30 milhões (20% da população). Em Maringá, teríamos, aproximadamente, 60 mil pessoas com suspeitas de transtornos mentais.
No ano passado, o SUS gastou R$ 460 milhões nos hospitais psiquiátricos conveniados. Cerca de 80% dos leitos são de entidades privadas. Para os serviços substitutivos foram destinados, apenas, R$ 60 milhões. A previsão é de um aumento de R$ 104 milhões nos próximos dois anos. O Ministério da Saúde também prevê a diminuição dos leitos.
MODELO FALIDO
O psiquiatra entende que o modelo de hospital psiquiátrico atual exclui o doente do contexto familiar e comunitário. Estabelece padrão homogêneo de condutas nos pacientes, independente de suas patologias. O sofrimento torna-se crônico a medida que não se trabalha com a inserção desse indivíduo no contexto social e nem com as condições geradoras de seus problemas. Isso provoca internações constantes e sem solução, anulando esses indivíduos. Assim, os hospitais psiquiátricos estariam promovendo três tipos de mortes. A primeira é subjetiva, pois tira do paciente toda sua potencialidade e criatividade. No hospício, tudo é prescrito. Tem ainda a morte social, pois desde a primeira internação ele fica estigmatizado pela sociedade, ganhando o rótulo de "louco", "incapaz" ou "perigoso". A terceira é a morte física. No Brasil, morrem aproximadamente mil pacientes por ano nos hospitais psiquiátricos. "avaliamos que outros mil devem morrer fora desses estabelecimentos, vítimas da violência", acrescentou. Já os serviços substitutivos pretendem garantir a inclusão desses indivíduos. Como são abertos na comunidade, já impossibilitam a violência. Estão no contexto familiar e comunitário. Não são forçados ao tratamento. Por outro lado, a família também é instruída para saber como lidar com o paciente. Esses serviços vão trabalhar junto à família, ao local de trabalho e a escola. "São éticos, resolutivos e humanos, coisa que é impossível dentro de um hospital psiquiátrico. Não é possível humanizar um lugar que promove a exclusão", observou.
RECURSOS
Sobre os pacientes considerados "perigosos", o psiquiatra entende que eles são uma reação proporcional à falta de assistência e a violência da sociedade sobre eles. Historicamente, no Brasil, todos os recursos para a saúde mental foram para os hospitais psiquiátricos. Hoje temos 57 mil leitos no país e a população com necessidade de atendimento é de 30 milhões (20% da população). Em Maringá, teríamos, aproximadamente, 60 mil pessoas com suspeitas de transtornos mentais.
No ano passado, o SUS gastou R$ 460 milhões nos hospitais psiquiátricos conveniados. Cerca de 80% dos leitos são de entidades privadas. Para os serviços substitutivos foram destinados, apenas, R$ 60 milhões. A previsão é de um aumento de R$ 104 milhões nos próximos dois anos. O Ministério da Saúde também prevê a diminuição dos leitos.