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Balanço Social

Por ISTOÉ Dinheiro - Rosenildo Gomes Ferreira   21 de maio de 2002
Que o Brasil é uma nação socialmente injusta, disso ninguém duvida. Afinal, um País onde 51,9% dos trabalhadores recebem até R$ 400 por mês (dois salários mínimos) certamente disputa um lugar no ranking das sociedades mais iníquas do planeta. Essa realidade perversa, entretanto, começa a ganhar contornos melhores graças à atuação das empresas privadas no chamado terceiro setor. Um bom termômetro dessa tendência é a pesquisa nacional realizada pelo Instituto ADVB de Responsabilidade Social (Ires). A terceira versão do trabalho, divulgada na última semana, mostra um expressivo aumento nas verbas destinadas pelas corporações a projetos com foco na inclusão social e formação da cidadania. No total, as 2.330 companhias ouvidas pelo instituto aplicaram R$ 202,8 milhões nesta área em 2001, beneficiando diretamente 38,3 milhões de pessoas. Em relação ao montante gasto, houve crescimento de 20,6%. "Isso demonstra que a responsabilidade social já é parte integrante do planejamento estratégico das empresas", avalia Lívio Giosa, coordenador geral do Ires.

A pesquisa também detectou outros dois fenômenos. O primeiro deles é que cresceu de 113 mil para 128,9 mil o número de trabalhadores dessas empresas engajados em ações sociais. Outro dado que salta aos olhos é a mudança do público-alvo das ações empresariais. No levantamento anterior, a maior parte dos projetos (48%) tinha como foco as crianças, seguido pelos jovens (46%) e a comunidade em geral (36%). A prioridade voltou-se para o jovem, beneficiário de 53% dos projetos. "Temos de dar a perspectiva de um futuro melhor aos brasileiros na faixa entre 14 e 20 anos", diz Giosa. E são os jovens que se encontram no território da chamada exclusão social que integram o grupo atendido pela Associação Profissionalizante da Bolsa Mercantil & Futuros (APBM&F). Desde sua criação, em 1996, já passaram pelos cursos profissionalizantes, no Rio e São Paulo, 1,3 mil alunos. Destes, mais de 70% já conseguiram seu espaço no mercado. De acordo com Juliana Pires da Costa Pagano, supervisora-geral da APBM&F, o trabalho da ONG vai além da formação profissional. A entidade dispõe de três cursos: Capacitação para a Empregabilidade (voltado para o setor de serviços), Faz Tudo - cujo foco é a construção civil - e Pequenos Empreendedores, cujos módulos incluem aulas de corte e costura, fotografia e serigrafia.

E não pára por aí. Uma rede de 70 voluntários atende às famílias dos alunos prestando assistência nos campos jurídico, médico e social. Por ano, a APBM&F investe R$ 1,7 milhão no projeto. A importância do trabalho desenvolvido pela equipe comandada pela psicóloga Juliana Pagano também pode ser medida pelos prêmios recebidos: foi bicampeã do "Top Social", promovido pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB).

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