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Entidade aposta na reabilitação de crianças soropositivas

Por por Andréia Hacker - RP/Faap   14 de junho de 2002
São Paulo – Há dois anos, a psicóloga Maria da Graça Fernandes Crepaldi trocou a Coca-Cola, empresa na qual trabalhava, para se dedicar ao trabalho social. Hoje, ela atua como coordenadora da Instituição Pequeno Príncipe Tim, que cuida de crianças de 1 a 13 anos de idade, de alguma forma em contato com o HIV. São, muitas vezes, jovens soropositivos ou cujas mães são portadoras do vírus da Aids, em muitos casos impossibilitadas de criá-los.

Maria da Graça conta que a Príncipe Tim desenvolve “um trabalho diferenciado com essas crianças, pois lhes oferece escola particular, academia, lazer e cultura, além de aulas de inglês, espanhol e informática”. Atualmente, a casa abriga 20 crianças, e muitas delas estão em contato constante com suas respectivas mães. Contudo, devido ao estágio avançado da doença de algumas dessas mulheres, a psicóloga prefere manter as crianças afastadas. Graça explica: “Quero que eles guardem uma boa imagem da mãe; não quero traumatizá-los ainda mais”.

Assim que a casa abriga um desses jovens, um juiz é imediatamente avisado, a fim de se evitar eventuais problemas. Paralelamente, é iniciado um processo de busca de familiares que estejam interessados em adotar essa criança depois do falecimento da mãe. Em último caso, se ninguém da família se interessar pela adoção, a criança segue para um orfanato após a reabilitação.

A transparência da relação entre a psicóloga e as crianças é, no mínimo, tocante: Graça conversa a respeito de sua entrada na casa e os estágios de permanência na Instituição. “Elas sabem que aqui é temporário e, por isso, tentam aproveitar ao máximo tudo o que lhes oferecemos”.

Há um ano na instituição, C., 13 anos, já sabe que será adotada pela tia após sua saída. A menina, que já vem mostrando os sinais da adolescência, procura não tocar no assunto, principalmente quando sabe que sua mãe piorou da doença. Separar-se de seus novos irmãos na entidade será, certamente, muito difícil.

Outro caso é o de J., 12 anos, portadora do vírus HIV desde que nasceu, que está vivendo o drama da manifestação da doença. Como de praxe, a família da menina foi contatada, mas a rejeição da avó, devido à sua contaminação, fez com que ela não quisesse manter contato com sua família. J. sofre de crises de depressão freqüentemente por não aceitar a doença e saber que sua mãe está em estágio terminal. “Seu caso é especial, por isso continuará na Instituição até quando puder”, conclui Graça.

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