Notícias

Crianças recebem atendimento especial em creche de Perdizes, SP

Por Renata Marques - FAAP   27 de agosto de 2002
Crianças da Nossa Creche em Perdizes
São Paulo - Uma casa arborizada, com muitos cômodos, todos organizados, limpos, com brinquedos novos e crianças sorridentes brincando juntas. Então, o aviso dado pela professora que é hora do lanche, todas vão ordenadamente para uma fila lavar as mãos e seguem até o refeitório onde existe um restaurante “ self – service” em miniatura. Uma descrição que parece ter vindo de uma escola particular onde estudam crianças de famílias abastadas, porém este cenário faz parte de uma creche que abriga um grupo de crianças, filhos e filhas de mães que trabalham o dia todo e não têm nem tempo para cuidar de seus filhos, nem dinheiro para pagar uma, além de não terem conseguido vaga em nenhuma creche pública.

Todas elas estão aqui devido a iniciativa dos idealizadores deste projeto que foram atrás do excedente das creches que existem na região de Perdizes e formaram este grupo. Mais impressionante do que observar a estrutura do local é olhar o comportamento de cada uma destas crianças. Ao entrar no refeitório Renata me questionou se eu já havia lavado minhas mãos . Respondi que já o tinha feito e sentei-me à mesa para comer um cachorro-quente com eles. Depois fomos brincar. Chegaram outras pessoas que estavam visitando o local e uma delas estava mascando chiclete. Igor então disse para ela jogar fora, e ela retrucou dizendo que já iria jogar e que outro colega dele também já havia feito o mesmo pedido. Este mesmo garoto, morador da favela Paraisópolis, foi um dos exemplos apontados pelos voluntários do local de como estas crianças são fonte de aprendizado para muitos, desde para aqueles que vivem nos mesmos locais que eles, tanto quanto para aqueles que são de classes sociais abastadas com os quais eles encontram quando vão às casas dos patrões de suas mães: Igor ensinou a sua mãe que não se podia beber água da torneira sem antes ferver e, à patroa de sua mãe, como arrumar a mesa adequadamente.

Todos estavam muito falantes e sorridentes, já Ana Carolina , apesar de ter os olhos muito comunicativos, era apontada pelos colegas como "a menina que não fala", porém para a nossa surpresa , veio Felipe nos cochichou um segredo: ela falava com ele, só com ele.

Chama a atenção perceber que elas vivem em realidades diferentes. Uma quando chegam em suas humildes casas e notam suas roupas; e outra quando chegam na ampla creche e usam seus confortáveis uniformes. Mas , o mais interessante é que elas, apesar da pouca idade, já tem muita consciência de que estes mundos são diferentes e de que elas são privilegiadas por desfrutarem da cultura e da educação que este local as oferece.

Os responsáveis por este projeto nos comunicaram que irão acompanhar este grupo até a sua formação Universitária , prestando toda a assistência necessária durante o decorrer deste período. Atuações como esta nos faz sentir menos incoerentes ao acreditar que o futuro de nossas crianças do Brasil ... enfim, que elas têm , ao menos , um futuro. Ah! Vale ressaltar que nesta última visita soubemos de uma novidade: Ana Carolina está uma tagarela!


Endereço: Rua Pinto Gonçalves, 115
Perdizes - SP - CEP: 05005-010
Fone: 0xx11-3875 4355

Doações:
Banco Itaú: Ag. 0754
c/c 42554-4

site: www.nossacrecheperdizes.com.br

Comentários dos Leitores