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Brasil é elogiado por ONGs
Com agências Um dos desafios da Segunda Cúpula da Terra, inaugurada ontem em Johanesburgo, na África do Sul, é propor formas de produção de energia que sejam menos poluidoras e não interfiram no desenvolvimento dos países. Para as organizações não-governamentais de defesa do meio ambiente presentes ao encontro, o melhor projeto nesse sentido é o brasileiro, pois investe em hidrelétricas de pequeno porte. A sugestão feita pela União Européia (UE), de elevar para 15% até 2010 a energia produzida de fontes renováveis, como a água, mas através de grandes hidrelétricas, foi criticada por essas organizações.
A UE - especialmente países os escandinavos, França e Áustria - pretende construir hidrelétricas de grande porte e potencial produtivo para cumprir essa meta daqui a oito anos. Mas para os ecologistas, o impacto ambiental negativo dessas usinas seria tão grande quanto o das termelétricas, principal forma de geração de energia dos Estados Unidos, país considerado o maior responsável pelo aquecimento global.
Num documento divulgado ontem em Johanesburgo, o Greenpeace e o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) criticam o modelo europeu, pois requer a devastação de amplas áreas, deslocamento de pessoas e pode comprometer a existência de espécies. As duas organizações vão propor à UE que copie o sugestão brasileira de aproveitamento da energia renovável, segundo a rede britânica BBC. O Brasil deve se comprometer nesta cúpula a converter 10% de sua matriz energética para modelos sustentáveis - que permitam o desenvolvimento social sem a destruição da natureza - até 2012.
A maior parte das nações desenvolvidas depende atualmente em 67% de combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão. Caso pouca coisa mude nos próximos 18 anos, um estudo da Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê que as emissões de dióxido de carbono
- responsáveis pelo aquecimento global - vão crescer 33% nos países ricos e 100% no resto do mundo. Na Europa, os modelos mais elogiados são os da Alemanha e Dinamarca, países onde mais de 10% da energia é gerada usando apenas o vento (energia eólica).
Fábio Feldmann, nomeado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para coordenar o esforço brasileiro de preparação para a conferência, disse que o Brasil tem muito a ensinar sobre a adoção de fontes renováveis por causa do grande uso de hidrelétricas e também da experiência do Proálcool. ''A equação da sustentabilidade só pode ser resolvida se o padrão de consumo dos ricos mudar'', acrescenta Marcelo Furtado, coordenador do Greenpeace na América Latina.
Outra vitória que o Brasil e seus aliados tiveram nas negociações em Johanesburgo foi a permanência do princípio da ''responsabilidade comum, mas diferenciada'' no Plano de Implementação da Agenda 21, o documento final do encontro. Criticado pelas nações desenvolvidas, o princípio significa que todos têm responsabilidade pela preservação do meio ambiente, mas ela é proporcional ao dano causado por cada país.
Depois de quatro dias de negociações sobre o texto do Plano de Implementação da Agenda 21, 30% dos 250 parênteses - que na linguagem oficial equivalem a pontos de controvérsia ou pouco detalhados - desapareceram. O documento final definirá ações para o cumprimento da Agenda 21, elaborada durante a 1ª Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro há 10 anos. O encontro de Johanesburgo, com representantes de 185 países, termina em 4 de setembro.