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Combate às DSTs em discussão

Por A Crítica    3 de setembro de 2002
Durante o 1º Congresso Pan-Amazônico de Doenças Sexualmente Transmissíveis, realizado em Manaus, foram discutidas estratégias para a criação de um programa de cooperação entre os países e definido um modelo para atuar em área de fronteira, com as populações de difícil acesso. Em outubro começa o curso de treinamento de gerentes na fronteira Brasil - Colômbia, realizado pela Fundação Alfredo da Matta (Fuam), reconhecida como pólo catalisador para a Região Norte.

Mas ainda há muito o que discutir. O relatório final do Pan-Amazônico será entregue durante o 4º Congresso da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis, no Tropical Hotel, que começou ontem à noite e se estende até a próxima quarta-feira. Durante todo o dia foram realizados cursos pré-congresso como atualização em laboratório de DST, enfermagem e humanização do pré-natal.

A expectativa da coordenação do evento é justamente dar visibilidade ao tema em todos os aspectos. Um sinal de que a situação está mudando é que mais de 1,3 mil pessoas participaram da abertura do evento ontem, quando a expectativa era de 600 pessoas. "Mostramos que dá para congregar uma grande quantidade de profissionais que têm interesse em colocar as novidades na área de laboratório, com os testes rápidos e também de novos produtos. É uma forma de reciclagem mesmo", diz a presidente do Congresso, Adele Benzaken.

Além do grande número de participantes, é importante destacar a qualidade científica dos trabalhos e o nível de envolvimentos de diferentes instâncias, diz o presidente da Sociedade Brasileira de DST Regional Amazonas, José Carlos Sardinha. "Este é o indício mais sólido de que as DSTs começam a adquirir a importância que têm."

Na Fuam são atendidos de 3 mil a 4 mil casos de DSTs por ano. Mas a estimativa é de 100 mil casos por ano. "Esses 3 mil atendimentos não são representativos. Ao procurar ajuda de um médico quando há suspeita de alguma DST, normalmente as pessoas não têm boa acolhida, o profissional não é treinado, falta remédio. A população até procura atendimento, nós é que falhamos."

Pesquisas constatam que, diferente do que ocorre em outras partes do país, onde 50 a 70% das pessoas infectadas são atendidas no balcão da farmácia, em Manaus 80% delas procuram o serviço público e não são atendidas como querem. A farmácia é a opção. "Neste caso, há o lado bom - não é necessário que conscientizemos sobre a necessidade de um especialista -, mas ao mesmo tempo tem o lado ruim, pois não damos o retorno. Este é o grande problema de DST: falta remédio na rede de assistência. É importante que as DSTs entrem nas listas das prioridades políticas", defende. "Acho que esse é um congresso de valorização da DST, uma demonstração das tendências de vários locais do país para dar um tratamento melhor ao paciente."

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