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Livros infanto-juvenis não chegam a alunos

Por Folha de São Paulo - ANTÔNIO GOIS   11 de setembro de 2002
Escolas públicas não estão distribuindo para os alunos de 4ª e 5ª séries livros infanto-juvenis comprados pelo Ministério da Educação e enviados para os estabelecimentos de ensino no início do ano letivo. A intenção do ministério é fazer com que o livro fique com o estudante, como forma de incentivar a leitura.

Com base no número de reclamações recebidas pelo 0800 do MEC e pela pesquisa em uma pequena amostra de escolas, a partir de denúncias de pais e professores, o ministério estima que o problema esteja acontecendo em um terço das escolas em todo o país.

Os livros fazem parte do projeto Literatura em Minha Casa, cujo objetivo é distribuir a todos os 8,5 milhões de alunos de 4ª e 5ª séries uma coleção com cinco títulos infanto-juvenis. Neste ano, cerca de 60 milhões de unidades foram enviadas a 139 mil escolas públicas.

Segundo Iara Prado, secretária de ensino fundamental do MEC, as razões alegadas por algumas escolas para não entregar os livros foram as mais diversas.

"Às vezes, os diretores dizem que estão esperando o melhor momento para entregar. Outros não sabem que esse é um programa que distribui livros todos os anos e que não há necessidade de guardá-los", disse Iara.

Em alguns casos, os diretores e professores afirmam ter medo de que os estudantes não leiam ou danifiquem os livros.

"Em algumas cidades muito pobres, soubemos de casos em que professores não distribuíram aos alunos porque acharam que eles não teriam condições de guardar devidamente em casa", afirmou a secretária.

Lívia Paes Barreto, coordenadora de campanhas de leitura do ministério, diz que os livros precisam ir para as casas dos alunos, para que a experiência de leitura seja compartilhada com os pais.

"A maioria dos pais de crianças mais pobres não tem a escolaridade que os filhos já conseguiram. Os livros ajudariam a estimular o hábito de leitura no ambiente familiar", afirmou Lívia. Além dos livros, o MEC recebeu denúncias de que alunos ainda não teriam recebido os dicionários que o ministério distribui desde o ano passado.

Em algumas escolas, há também falta de livros para todos os alunos de 4ª e 5ª séries. Cada um teria que receber cinco livros.

Na Escola Municipal Oscar Thompson, em Senador Camará (zona oeste do Rio), a professora Vera Lúcia, da 4ª série, conta que teve que distribuir apenas dois livros por aluno nas turmas em que ensina porque não chegaram publicações em número suficiente.

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