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Rio, Santos e Salvador têm menos casos de Aids

Por O Estado de São Paulo - FELIPE WERNECK   22 de outubro de 2001
Redução ocorreu entre o grupo de usuários de drogas dessas três cidades



RIO - Apesar do aumento do número de casos no Sul do País, a epidemia de aids entre os usuários de drogas injetáveis sofreu redução no Rio, em Santos e em Salvador, segundo pesquisa apresentada ontem no 1.º Seminário Estadual de Redução de Danos, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O estudo mostra que a porcentagem de usuários de drogas injetáveis infectados pelo vírus HIV caiu de 25% para 8% na região metropolitana do Rio, entre 1996 e 2000. Em Salvador, a queda foi de 49,5% para 7%. Santos apresentou a menor redução: de 65% para 42% no mesmo período.

"Com certeza as ações locais de redução de danos, com a troca de seringas e a distribuição de preservativos, contribuíram muito para a queda do número de casos nas três regiões", afirmou a assessora técnica da Unidade de Prevenção da Coordenação Nacional de DST-Aids, Denise Gandolfi. Segundo ela, pelo menos 25% dos casos de aids do País estão direta ou indiretamente ligados ao uso de drogas injetáveis - atualmente, há cerca de 200 mil notificações de pessoas contaminadas pelo HIV no Brasil.

No Rio, o programa de redução de danos foi criado em 1996, pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas, da Uerj. Anteontem, foi aprovado por unanimidade um projeto de lei na Assembléia Legislativa que permite ao governo estadual distribuir seringas descartáveis aos usuários de drogas injetáveis - foi o quarto Estado a aprovar uma lei desse tipo, depois de São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além da cidade de Salvador.

A pesquisa detectou ainda a migração dos usuários para outras drogas, como crack, no caso da Baixada Santista, o que pode ter reduzido os índices de contágio. Dos 400 entrevistados no ano passado, 67% afirmaram que, além das drogas injetáveis, também fumavam crack. No questionário anterior, a porcentagem era de 60%.

Expansão - O Ministério da Saúde estima que existam no País cerca de 800 mil usuários de drogas injetáveis - destes, apenas 35 mil são atendidos nos 98 projetos de redução de danos existentes hoje com o apoio do ministério. Denise diz que há uma previsão de que sejam criados pelo menos mais 30 até o fim do ano, com ênfase na Região Sul.

O aumento do número de casos em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul e no Paraná preocupa o governo. O último boletim mostrou que a região tem o maior crescimento da incidência da doença no País e o grupo mais afetado é o de dependentes de drogas - nos últimos 5 anos, houve um decréscimo de 2% dos casos de aids no País, mas a Região Sul apresentou um acréscimo de 13%.

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