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Aids volta a crescer em níveis alarmantes, alerta ONU
O que mais preocupa os cientistas, porém, é que o número de casos está aumentando a cada ano em todas as regiões do mundo, mesmo com todos os esforços internacionais para conscientizar as populações. "Em 2001, 5 milhões de pessoas serão contaminadas pela aids", afirma Peter Ghys, epidemiologista da Unaids.
Em 2001, o maior índice de contaminação ocorreu no Leste Europeu, com cerca de 250 mil novos casos de aids, a maioria no uso de seringas contaminadas. Na Rússia, por exemplo, enquanto foram registrados 55 mil casos em 2000, o ano de 2001 deverá apontar 75 mil novas contaminações.
A situação na África está pior do que nunca. O continente possui mais da metade de todos os infectados pela aids no mundo - 28,1 milhões de pessoas - e em 2001 outras 3,4 milhões de pessoas se tornarão portadoras do vírus. "Em países como Botsuana, 30% das mulheres grávidas são soropositivo", afirma Winnie Mpanju-Shumbusho, diretora do departamento de Aids da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo ela, as conseqüências econômicas da aids no continente africano são significativas: o PIB da região deverá cair em 20% até 2020 se os níveis da doença forem mantidos como os atuais.
Mas a Unaids alerta que o aumento do número de casos de aids no mundo não ocorre apenas nos países pobres. De fato, um dos dados que mais preocupa os cientistas é que nos países desenvolvidos, tanto os europeus como os Estados Unidos, o número de pessoas contaminadas pelo vírus HIV volta a crescer.
Um dos motivos para a retomada da aids é a diminuição do número de campanhas de combate à doença. "A geração de jovens da segunda metade dos anos 90 cresceu com a idéia de que estavam isentos do problema, o que incentivou comportamentos sexuais de alto risco", afirma Ghys.
No Brasil, os número de pessoas contaminadas deverá chegar a 600 mil no final de 2001, praticamente 40% de toda a população latino-americana afetada pelo vírus. Segundo a Unaids, cerca de 60 mil pessoas foram contaminadas no Brasil entre 1999 e 2001.
Mesmo com o aumento dos casos do País, tanto a Unaids como a OMS apontam avanços no Brasil. Dados das agências internacionais ressaltam que o número de contaminações pelo uso de drogas injetáveis caiu significativamente nas metrópoles brasileiras.
Outro ponto destacado pelos cientistas é o programa brasileiro de combate à doença. "Apoiamos plenamente o que o Brasil vem implementando, pois os resultados são positivos tanto no que se refere ao tratamento, como na prevenção", afirma Ghys, da Unaids. Para Winnie Mpanju-Shumbusho, o modelo brasileiro deveria ser levado para outros países em desenvolvimento.
O grande obstáculo, porém, são os custos para o acesso aos tratamentos. "Os remédios ainda chegam aos governos a um custo muito elevado", diz Winnie Mpanju-Shumbusho, que alerta que os países em desenvolvimento precisariam entre US$ 7 bilhões e US$ 9 bilhões para tratar suas populações de forma adequada. "Isso representa apenas 10 dias de subsídios que os países ricos dão para seus agricultores", completa um funcionário da OMS.