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Deficientes contam com cidade mais equipada em seu dia-a-dia

Por Correio da Bahia    3 de dezembro de 2001
Salvador vem se adaptando às necessidades dos portadores de deficiência

A Lei 10.098 determina que todos os espaços de uso público devem ser acessíveis a todos os cidadãos, portadores de deficiência ou não, devendo se adequar às normas descritas na NBR 9050, da Associação Brasileira de Normas Técnicas. Mas, na prática, ainda é preciso mudar muitas coisas nas nossas ruas, praças, ônibus, lojas, bancos, para que as pessoas com acessibilidade reduzida - portadores de deficiência, idosos, grávidas e obesos - possam participar da vida sem restrições. No último sábado, Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, vários especialistas no assunto estiveram reunidos em Salvador, discutindo os erros e acertos que vêm acontecendo nas cidades brasileiras.

"Em Salvador, tem havido uma preocupação recente e crescente em relação aos portadores de deficiências", afirma o economista Damien Hazard, coordenador da ONG Vida Brasil, que organiza o 5º Seminário sobre Acessibilidade e Cidadania de Salvador, em parceria com a Comissão Civil de Acessibilidade de Salvador. Mas, segundo ele, ainda há muito para ser feito "até que a nossa cidade deixe de ser planejada e construída apenas para 70% da população e passe a ser acessível a todos".

Ele fornece dados de uma pesquisa coordenada pelos arquitetos Islândia Costa e Heron Cordeiro, que levou os próprios usuários para as ruas de Salvador: "Nos últimos três anos, foram visitados 250 lugares entre praças, bancos, as 20 vias principais da cidade e outros locais. O resultado foi que 83% dos 245 entrevistados consideraram péssima a estrutura da cidade".

Hazard explica os principais problemas: sinalização - para os deficientes visuais e auditivos, pois 90% são analfabetos - equipamentos adequados, como rampas de acesso, ônibus especiais e telefones rebaixados: "Entre os 588 telefones contabilizados, só encontramos seis telefones rebaixados". Apesar de elogiar iniciativas como a Praça Bahia Sol e a Avenida Manoel Dias da Silva, dotada de 37 rampas nas calçadas, ele explica que ainda acontecem equívocos: "Vinte e sete rampas da Avenida Manoel estão com uma inclinação excessivamente acentuada, entre 16 e 18 cm, quando o recomendado é 12 cm", explica ele.

Um problema central ainda é a desinformação: "Os arquitetos ainda não têm um conhecimento apropriado sobre o assunto", afirma Hazard, defendendo que é fundamental integrar na grade curricular dos cursos de arquitetura e urbanismo o tema da acessibilidade. No seminário, que acontece na Procuradoria Regional do Trabalho com entrada gratuita, será apresentada a experiência da Universidade Federal de Minas Gerais, única no país a oferecer uma discipina do gênero para os futuros arquitetos. Outra experiência que será discutida é a da prefeitura de Porto Alegre: "Eles formaram uma comissão paritária, reunindo sociedade civil e poder público, para tomar resoluções. Com isso, já conseguiram ampliar muito os mecanismos nos transportes, as placas em braile e a quantidade de rampas. Está havendo um diálogo", explicou ele.

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