Notícias

Cresce interesse das empresas pela contratação de portadores de deficiência

Por    5 de dezembro de 2001
Empresas privadas, consultorias de recursos humanos e o governo, por meio do Ministério Público, da Coordenadoria dos Interesses Difusos e Coletivos e das Delegacias Regionais do Trabalho, vêm intensificando sua atuação no sentido de ampliar a inserção de pessoas portadoras de deficiência no mercado de trabalho.

Esta foi uma das conclusões do seminário promovido, em setembro, pela Adecco Top Services, em São Paulo, a respeito do tema, e que contou com a presença de cerca de 200 diretores, consultores e gerentes de recursos humanos de grandes empresas. Líder mundial em recursos humanos e a segunda maior empresa do mercado brasileiro de trabalho temporário, terceirização e seleção de pessoal, a Adecco anunciou, na ocasião, que está criando uma divisão especial para seleção e recrutamento de portadores de deficiência.

Não há estimativas no Brasil de qual o número de portadores de deficiência que estão inseridos atualmente no mercado de trabalho, mas avaliações parciais dos órgãos públicos indicam que muitas empresas ainda não se enquadraram aos termos do decreto 3298/99, que fixa uma cota de contratação de funcionários portadores de deficiência proporcional ao número de empregados.

O Ministério Público, por exemplo, instaurou processos em 103 empresas da capital paulista, para averiguar como estava o cumprimento da lei, e verificou que havia apenas 3.091 portadores de deficiência contratados.

Contando com um quadro total de 226.817 funcionários, essas empresas ainda deveriam contar com outros 7.347 profissionais portadores de deficiências para se adequar às cotas previstas na legislação. A partir da ação do Ministério Público, o número de portadores de deficiência nessas empresas subiu para 4.868, no prazo de um ano e meio – um crescimento de 57% -, relatou Denise Lapola, procuradora do Ministério Público e membro da Coordenadoria dos Interesses Difusos e Coletivos. "Isto demonstra que as empresas estão sensíveis à contratação desses profissionais", destacou ela.

"Muitas empresas ainda não se enquadraram à legislação por desconhecer como recrutar os profissionais portadores de deficiências", explicou Denise Zimmermann, gerente da Divisão de Projetos Especiais da Adecco Top Services. Há também uma série de dúvidas sobre as áreas e funções em que os portadores de deficiência podem trabalhar, como devem ser tratados e de que forma a empresa e os demais funcionários devem agir em relação a eles. "São inúmeras dúvidas que acabam atrasando o desenvolvimento da contratação desses profissionais no País", observa.

Embora grandes empresas, como a IBM Brasil – cuja experiência nessa área foi relatada, no seminário, por Eliane Ranieri, gerente de Atendimento a Clientes -, já estejam adequadas à legislação e, em alguns casos, até tenham superado as cotas exigidas, ainda é preciso desenvolver essa cultura de forma mais ampla nas empresas que atuam no Brasil, de forma a se aproximar ao que se verifica nos Estados Unidos e Europa.

Na Espanha e Itália, por exemplo, a Adecco contratou 540 pessoas portadoras de deficiência no ano passado, e neste ano, até julho, já foram contratados 640 profissionais, o que indica que, até o final do ano, deverão ser mais de 1.000 portadores de deficiência incluídos pela empresa no mercado de trabalho. Maior grupo do mundo de recursos humanos, com atuação em 60 países, a Adecco conta com unidades de recrutamento de portadores de deficiência em locais como Espanha, Itália, Alemanha, Suíça, França, Grécia, Argentina, Colômbia e Chile.

No Brasil, a empresa vai aplicar sua experiência internacional nessa área. A nova Divisão de Projetos Especiais inicia as operações contando com um banco de currículos e parcerias com instituições que concentram profissionais portadores de deficiência. Sua atuação será nacional, por meio das 34 filiais da Adecco no País.

Comentários dos Leitores