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Hospital do Câncer inaugura cinema e salão de beleza

Por ARMANDO SERRA NEGRA / Jornal da Tarde   5 de dezembro de 2001
Salão de beleza de primeira linha - grife Jacques e Janine -, cinema com 80 lugares, voluntários estimulando os pacientes a participar de atividades de lazer e cultura e músicos improvisando recitais são algumas das novidades do Hospital do Câncer, inaugurou, dia 5/12, um centro de convivência para os 270 mil usuários que anualmente utilizam seus serviços. Desse universo, cerca de 60% é de população carente, atendida pelo SUS. O centro poderá ser utilizado gratuitamente Ao lado do Instituto Nacional de Combate ao Câncer (Inca), do Rio de Janeiro, o Hospital do Câncer - onde na pediatria o índice de cura é de 80% - é um dos únicos hospitais para tratamento da doença com certificado de excelência doControle de Qualidade na Área Oncológica (CACON) em nível 3.

Liana Carraro de Moraes, esposa de José Ermírio de Moraes Neto, segunda vice-presidente do hospital e chefe do Departamento de Desenvolvimento e Recursos, foi responsável pela decoração dos 500 metros quadrados do centro de convivência. "Os ambientes, claros e arejados, foram projetados para que um paciente que esteja pintando numa sala, possa escutar a palestra que está sendo dada em outra", conta. Seu sogro, José Ermírio, falecido em 11 de setembro vítima de câncer - horas antes do atentado ao World Trade Center -, foi por dez anos presidente do hospital.

Seu irmão, Antonio Ermírio, não quer deixar de lado essa obra social, tornando-a prioritária entre tantas outras patrocinadas pelo Grupo Votorantin. "Acompanhando de perto a doença do doutor José, senti uma vontade muito grande de me envolver com o tratamento do câncer, porque essa doença, apesar de ter um lado muito difícil, nos ensina a descobrir coisas boas que estão adormecidas dentro de nós", afirma Liana.

Um exemplo de quem sempre mostrou dignidade

"Se a gente já admirava o doutor José, a admiração cresceu ainda mais durante o período da doença, porque ele mostrou forte dignidade e jamais a escondeu, tornando-a pública. Como o governador Mário Covas, que mostrou para a sociedade que o câncer não é uma vergonha, mas a certeza do legado que deixaria a tornaria um processo de vida e não uma derrota", relembra.

Liana, também presidente da equipe feminina de voluntariado do hospital _ com 360 mulheres _ está cumprindo a mesma missão de Carmem Prudente, que no ano de 1947 visitou os Estados Unidos para adquirir o know-how de como envolver voluntários no combate ao câncer. O objetivo era o de fortalecer o novo hospital, que seria inaugurado em 1953. A médica Maria Teresa da Cruz Lourenço, do Departamento de Psiquiatria do hospital, teve uma participação efetiva no projeto. "Tirar a pessoa de uma rotina unicamente voltada ao tratamento e mostrar a ela a sua capacidade de produzir, estimulando sua criatividade, significa literalmente trazê-la de volta à vida", enfatiza Maria Tereza.

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