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Crianças carentes sobem ao palco
Por O Estado de São Paulo - GLÁUCIA LEAL    6 de dezembro de 2001
Fruto de parceria internacional, elas apresentaram ‘Cenas de um Sonho’
Oitenta crianças e adolescentes, a maioria carente, tiveram ontem uma noite de glória. Meninos e meninas com idade entre 7 e 18 anos, atendidos por entidades de São Paulo, participaram, no Teatro Alpha Real, do espetáculo Cenas de um Sonho. A apresentação faz parte de um projeto internacional do ator inglês David Glass. Ele aplica seus conhecimentos cênicos a trabalhos comunitários com crianças em situação de risco.
O ator chegou ao Brasil para iniciar a montagem com as crianças em setembro. O trabalho é resultado de uma parceria entre a Associação Meninos do Morumbi, o British Council e o grupo de teatro do Reino Unido David Glass Ensemble, com apoio de empresas brasileiras.
“Queremos que esses garotos tenham a alegria de brincar e usar a imaginação”, afirma Glass. O intuito é ajudar crianças a recuperar a auto-estima por meio da música e do teatro. O espetáculo, fundamentado em técnicas de clown, mímica e dança, parecia às vezes uma grande brincadeira. Logo no início, um narrador introduz o enredo: “Era uma vez um grupo de crianças que vivia em um mundo turbulento e terminou jogando futebol no inferno com o diabo. O que é sonho e realidade cada um é que decide.”
Trabalhos – A preparação para a peça durou três semanas. Nos primeiros dias foram aplicadas dinâmicas e jogos de integração de grupo. Os participantes criaram histórias que foram usadas como base para o espetáculo e aprenderam técnicas de teatro e dança. Paralelamente, um grupo de 32 profissionais recebeu treinamento para, posteriormente, continuar e multiplicar o projeto.
Para a maioria das crianças, a experiência de entrar em um teatro foi emocionante. “Tudo aqui é muito grande bonito”, comentou Robson dos Santos, de 8 anos. Ainda no camarim, Rosilda Laurinda, de 15 anos, do grupo Meninos do Morumbi, estava nervosa. “Acho que esse friozinho na barriga faz parte, mas estou feliz.” Sua única frustração era que o pai, coletor de lixo, e a mãe, dona de casa, não iriam vê-la.
“Infelizmente é difícil deslocar os parentes das crianças”, comentou Stephen Rimmer, coordenador do programa de arte do The Britsh Council no Brasil. Houve também dificuldade para transportar e organizar o espetáculo, o que impossibilitou que fossem marcadas outras apresentações. O estudante Elias Alves da Silva, de 16 anos, não se incomodava de fazer uma única sessão. Na peça, ele encenou o saci. “Aprendi muita coisa aqui, estou satisfeito”, comentou. Longe dos holofotes, Elias já viveu episódios difíceis. Morou nas ruas e ficou na Febem. Hoje ele vive na Moradia Associação Civil Casa Taiguara.
Oitenta crianças e adolescentes, a maioria carente, tiveram ontem uma noite de glória. Meninos e meninas com idade entre 7 e 18 anos, atendidos por entidades de São Paulo, participaram, no Teatro Alpha Real, do espetáculo Cenas de um Sonho. A apresentação faz parte de um projeto internacional do ator inglês David Glass. Ele aplica seus conhecimentos cênicos a trabalhos comunitários com crianças em situação de risco.
O ator chegou ao Brasil para iniciar a montagem com as crianças em setembro. O trabalho é resultado de uma parceria entre a Associação Meninos do Morumbi, o British Council e o grupo de teatro do Reino Unido David Glass Ensemble, com apoio de empresas brasileiras.
“Queremos que esses garotos tenham a alegria de brincar e usar a imaginação”, afirma Glass. O intuito é ajudar crianças a recuperar a auto-estima por meio da música e do teatro. O espetáculo, fundamentado em técnicas de clown, mímica e dança, parecia às vezes uma grande brincadeira. Logo no início, um narrador introduz o enredo: “Era uma vez um grupo de crianças que vivia em um mundo turbulento e terminou jogando futebol no inferno com o diabo. O que é sonho e realidade cada um é que decide.”
Trabalhos – A preparação para a peça durou três semanas. Nos primeiros dias foram aplicadas dinâmicas e jogos de integração de grupo. Os participantes criaram histórias que foram usadas como base para o espetáculo e aprenderam técnicas de teatro e dança. Paralelamente, um grupo de 32 profissionais recebeu treinamento para, posteriormente, continuar e multiplicar o projeto.
Para a maioria das crianças, a experiência de entrar em um teatro foi emocionante. “Tudo aqui é muito grande bonito”, comentou Robson dos Santos, de 8 anos. Ainda no camarim, Rosilda Laurinda, de 15 anos, do grupo Meninos do Morumbi, estava nervosa. “Acho que esse friozinho na barriga faz parte, mas estou feliz.” Sua única frustração era que o pai, coletor de lixo, e a mãe, dona de casa, não iriam vê-la.
“Infelizmente é difícil deslocar os parentes das crianças”, comentou Stephen Rimmer, coordenador do programa de arte do The Britsh Council no Brasil. Houve também dificuldade para transportar e organizar o espetáculo, o que impossibilitou que fossem marcadas outras apresentações. O estudante Elias Alves da Silva, de 16 anos, não se incomodava de fazer uma única sessão. Na peça, ele encenou o saci. “Aprendi muita coisa aqui, estou satisfeito”, comentou. Longe dos holofotes, Elias já viveu episódios difíceis. Morou nas ruas e ficou na Febem. Hoje ele vive na Moradia Associação Civil Casa Taiguara.