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Arte ajuda jovens em situação de risco social

Por Correio da Bahia    7 de dezembro de 2001
Crianças e adolescentes atendidos pelo Centro Integrado de Apoio à Criança e ao Adolescente (Ciac), em San Martin, estão aprendendo, através da arte, que a realidade pode ser transformada. As atividades das oficinas de bonecas, artes plásticas, papietagem e papel reciclado foram encerradas ontem, com as mostras de trabalhos desenvolvidos pelos próprios alunos, meninos e meninas em situação de risco pessoal, social ou moradores de rua.

O Ciac trabalha com a filosofia de reintegração da criança e do adolescente à família e, consequentemente, à sociedade. De acordo com a diretora Walkíria Sales, o centro oferece cursos profissionalizantes e semi-profissionalizantes, como corte e costura, em diferente turmas. Atualmente, eles estão em atendimento a 300 pessoas, com idades entre 7 e 17 anos. A casa é mantida pela Secretaria estadual do Trabalho e Ação Social (Setras).

Segundo relata Walkíria, normalmente os garotos aderem às atividades para a obtenção de benefícios como a merenda e o vale-transporte. O interesse em participar do centro, muitas vezes, é despertado pelas atividades artísticas. "Eles se sentem artistas e se descobrem. As oficinas ajudam a criança a explorar todo o seu potencial", relata a diretora.

Experiências - O trabalho não é fácil. Experiências cotidianas de violência, sejam furtos, brigas ou exclusão social, fazem com que muitos deles apresentem comportamento agressivo e depredem o próprio patrimônio do Ciac, como cadeiras, armários e portas. "Eles contam fatos e histórias agressivas que eles vivenciam nas ruas", conta a professora Perpétua Burgos. "O intuito da arte é lembrar que existe sonho, realização e vontade de viver", explica o coordenador das oficinas, o artista plástico e estilista Silverino Jú.

Através do trabalho das oficinas de artes, o Ciac está ganhando colorido e novas formas. Pinturas de flores, desenhos de peixes, dentre outras temáticas, foram aplicadas pelos próprios alunos no mobiliário, através da técnica da papietagem (restauração de móveis). Um dos adolescentes atendidos, Adailton Santos, 17 anos, fala sobre a oficina de papel reciclado. "A gente transforma papel velho em novo. O professor ensina a gente a aprender coisas novas", explica o jovem.

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