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Investimentos socialmente responsáveis não são só para ativistas

Por Instituto Ethos    7 de dezembro de 2001
Um dos objetivos do seminário internacional `Investindo no Futuro`, que aconteceu em São Paulo nos dias 29 e 30 de novembro, foi acabar com o mito de que os investimentos socialmente responsáveis são só para ativistas e têm retorno inferior aos demais. O seminário, promovido pelo Banco Real / ABN AMRO Bank, pela ONG Amigos da Terra - Amazônia Brasileira e pela Fundação Getúlio Vargas - Escola de Administração de Empresas de São Paulo, aconteceu no mesmo mês em que o Banco Real / ABN AMRO Bank lançou o Fundo Ethical, o primeiro fundo de investimento socialmente responsável do mercado brasileiro.

Esse tipo de investimento, também conhecido como SRI (Socially Responsible Investing), leva em consideração aspectos sociais e ambientais no processo de tomada de decisão. As ações das empresas selecionadas, além de bom desempenho financeiro, também devem apresentar boa performance em práticas socialmente responsáveis: políticas ambientais e de relacionamento com o público interno e a comunidade, assim como ações de boa governança corporativa.

`O SRI é um sinal de qualidade de management, melhora a reputação da empresa, tem uma correlação com uma situação financeira estável e é um estímulo à eficiência dos funcionários`, afirmou Luis Maia, CEO do ABN AMRO Asset Management, no painel que discutiu o Fundo Ethical. “Não é por acaso que o retorno do investimento nessas empresas é superior ao de outros tipos de aplicações. Isso explica porque os investimentos em SRI somaram US$ 2,2 trilhões nos Estados Unidos em 1999, o que corresponde a 13% do mercado americano”, conluiu o CEO.

Neste mesmo painel, Oded Grajew, diretor-presidente do Instituto Ethos, falou sobre a importância do lançamento do Fundo Ethical. `Só haverá uma transformação na sociedade quando todos pensarem nas conseqüências de suas ações, como a compra de um produto ou o investimento em uma determinada empresa ou fundo`, acredita Grajew.

O Banco Real / ABN AMRO Bank espera que o fundo funcione como um incentivo para as empresas. `Queremos tornar públicos os critérios de seleção para que as companhias que não fazem parte do nosso portfolio esforcem-se para alcançá-los`, disse Luiz Ribeiro, Senior Portfolio Manager do ABN AMRO Asset Management. Esses critérios foram criados pelo banco, com a ajuda do Instituto Ethos e do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

Para a criação da carteira do Fundo Ethical, o primeiro item avaliado foi a situação econômica das empresas. Só participam do fundo empresas com avaliação econômica atrativa. Depois, foram excluídas as companhias com participação em atividades consideradas de impacto social negativo: fumo, álcool, energia nuclear, material ou equipamento militar, pornografia ou jogos de azar. O terceiro passo foi a avaliação social, ambiental e de governança corporativa, realizada através de questionário.

O IBGC elaborou 20 questões abrangendo as principais práticas de boa governança corporativa. `O principal objetivo da governança corporativa é indicar caminhos para as empresas, visando a melhoria do desempenho e facilitando o acesso ao capital, através da transparência, equidade, prestação de contas e ética`, afirmou Heloísa Bedicks, diretora executiva do IBGC.

Para a criação do portfolio do fundo também foi utilizado o `best-in-class approach`, que significa que só foram escolhidas as melhores empresas de cada setor. Já com a carteira formada, o banco verificou a sua performance nos últimos anos. Por último, foi criado um conselho consultivo independente, com poder de veto sobre as empresas escolhidas.

O resultado é que o Fundo Ethical oferece aos investidores uma carteira formada por ações de importantes companhias brasileiras: Tele Norte Leste Participações, Itaúsa, Brasil Telecom, Tele Celular Sul, Pão de Açúcar, Cemig, Sadia, Copel, Marcopolo, Unibanco, Gerdau, Daratex e Weg.

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