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Curso resgata auto-estima de desempregados

Por    7 de dezembro de 2001

Em seu terceiro ano de existência, o convênio firmado entre a Escola Técnica Professor Everardo Passos (ETEP) e o Sindicato dos Metalúrgicos apresenta resultados surpreendentes no resgate da auto-estima de centenas de profissionais que se encontravam fora do mercado de trabalho. A oportunidade de elevar o nível de qualificação resulta em melhores condições da disputa por uma vaga nas empresas da região ou na criação de um negócio próprio. “A recuperação das pessoas não se dá apenas em níveis profissionais, existem casos emocionantes, em que até a saúde foi recuperada. Eles resgatam a auto-estima e voltam a disputar o mercado de trabalho em condições de igualdade”, afirma a professora Marta Maria Esteves, Diretora do Curso de Habilitação Técnica (CHT).

É o caso dos alunos Alfredo Luiz da Costa (50 anos), Aluízio Faustino da Silva (42) e José Roberto Xavier Pereira (36). As histórias desses três personagens têm em comum uma luta pela recuperação de valores que lhes devolveram a dignidade e o respeito, juntamente com a oportunidade de ocupar novos espaços no mercado de trabalho.

Alfredo Luiz Costa fez o curso de Mecânica em Itajubá, Minas Gerais, em 1968, e passou a trabalhar como autônomo. Mas em 1994 sofreu um derrame e foi aconselhado pelo médico a voltar a estudar para vencer a depressão. Ao saber pelo jornal do convênio da ETEP com o Sindicato, se inscreveu e, em 2000, fez os cursos específicos na área de mecânica (CNC) e Qualidade. Pela sua dedicação, a escola lhe concedeu a oportunidade de realizar também os cursos de Autocad e Autocad avançado. “Os professores são bons e a escola nos ofereceu recursos para o aprendizado prático”, afirma Costa, que recuperou a saúde e hoje desenvolve projetos em casa, trabalhando como terceirizado em empresas especializadas.

Aluízio Silva ficou desempregado em 1998 e teve problemas sérios de saúde que lhe limitaram os movimentos. No começo deste ano, leu no jornal que a ETEP disponibilizava vagas para o CHT, pelo convênio com o Sindicato. Durante 20 anos trabalhou na Bundy e almejava estudar na ETEP, mas não tinha tempo nem condições. Agora, via a possibilidade de concretizar um sonho e se emociona ao comentar: “Fiz os cursos de Autocad, metrologia, Autocad avançado e eletrotécnica. Depois desses cursos já fui procurado por quatro empresas. Recuperei minha auto-estima, minha saúde e a bagagem para enfrentar o mercado”. Os conhecimentos adquiridos também foram úteis para o desenvolvimento de um trabalho comunitário no bairro Parque Nova Esperança, onde Silva ensina jovens sem recursos a ter uma base para os estudos.

José Roberto Pereira fez um curso de Informática e começou a trabalhar nesse segmento em 82, no qual permaneceu por seis anos atuando em empresas de grande porte como Bradesco, Embraer e Petybon. Começou a fazer a faculdade de Matemática na FACAP, mas as dificuldades aumentaram e ele passou a trabalhar com transporte, dirigindo um caminhão. No início de 2000, foi assaltado e ficou sem o caminhão e sem emprego. Afastado há anos da área de informática, ficou desatualizado. Quando assistiu na TV reportagem sobre o convênio fez inscrição e começou uma grande virada em sua vida. Hoje, sente que os cursos da ETEP lhe deram atualização suficiente. Ele tem dois computadores em casa, que usa como laboratório e dá assistência de manutenção. “A ETEP oferece bons laboratórios, bibliotecas, ótimos professores e internet para pesquisa. Tudo que uma pessoa precisa para seu desenvolvimento. Consegui recuperar dez anos em um”, completou.

Habilitação Técnica - A ETEP mantém há três anos o convênio com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, com o objetivo de reservar vagas no Curso de Habilitação Técnica (CHT), para os profissionais disponíveis para o mercado. Segundo Luiz Carlos Pegas, presidente do Centro de Desenvolvimento de Tecnologia e Recursos Humanos (CDT), que reúne as escolas ETEP, EEI e FACAP, essa é uma forma das escolas cumprirem seu papel social como uma organização cidadã. “Estamos desenvolvendo outros projetos seguindo essa política, com o objetivo de colocar lado a lado nossa ambição de manter a excelência do ensino e a melhoria da qualidade de vida, incluindo as minorias desfavorecidas”.

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