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Ano internacional do voluntário termina querendo virar década

Por MARCELO BARTOLOMEI / Folha Online   7 de dezembro de 2001
O Ano Internacional do Voluntário, se depender de Milú Vilela e do comitê formado para impulsionar o trabalho voluntário e de doações no país, vai virar década.

Termina hoje, dia 6, o ano internacional, organizado pela ONU (Organização das Nações Unidas), com um balanço mais que positivo: em dez meses deste ano, mais gente procurou o Centro de Voluntariado de São Paulo, por exemplo, em busca de entidades que precisam de ajuda, do que nos quatro anos de sua criação. Foram 15 mil contatos.

O entusiasmo, segundo Maria Lúcia Meirelles Reis, 55, voluntária e dirigente de organizações sociais há mais de 20 anos, é promissor. Ela, que é diretora do Centro de Voluntariado de São Paulo e uma das participantes mais ativas do Ano Internacional, acredita que os números de voluntariado vão crescer ainda mais.

"O Ano Internacional do Voluntário teve muito mais repercussão do que pensávamos, tanto para voluntários quanto para entidades sociais. Aumentou o número de campanhas pelo voluntariado, houve uma aceitação maciça da mídia e das agências de publicidade", disse Maria Lúcia.

O "espírito" voluntário, segundo ela, surgiu espontaneamente nas pessoas e a palavra "voluntário" passou a fazer parte do vocabulário. "Isso fez uma diferença muito grande. Não se fala mais na pessoa que trabalha comigo, mas na pessoa que é voluntária aqui comigo. Os jovens passaram a procurar as escolas, as empresas passaram a ser cobradas de seus funcionários para fazerem alguma coisa", afirmou.

Segundo ela, para ser voluntário não basta ter um impulso inicial, mas dar continuidade ao trabalho.

Com o fim do Ano Internacional do Voluntário, foi criada uma ONG (organização não-governamental), o Instituto Brasil Voluntário, que quer aproveitar o engajamento e a superexposição deste ano para dar continuidade ao trabalho. "Somos 40 centros voluntários no país, e queremos nos transformar em um centro de referência, pesquisa e conhecimento sobre voluntariado, um guarda-chuva."

Capacitação

Se a idéia é investir em capacitação para o trabalho voluntário, o caminho já começou a ser trilhado. O principal alvo do Ano Internacional foi o jovem. "Esperamos um retorno do envolvimento das pessoas, que o jovem de hoje seja o líder de 10 ou 20 anos depois. Hoje em dia, investimos em formação de lideranças sociais engajadas, não há mais engajamento político, mas sim o social", afirmou.

Para ela, o voluntário é aquela pessoa que dedica seu talento e tempo de seu trabalho como causa de interesse social ou comunitário, não em família. "Fizemos um trabalho de sensibilização", disse. Segundo ela, não é necessário estar ligado a uma ONG para ajudar. "É preciso acreditar no que a pessoa sabe fazer, no talento de cada um."

Maria Lúcia disse que fazer qualquer tipo de doação é um tipo de ajuda necessário. "Nenhuma ONG sobrevive sem doações", disse. Segundo ela, o trabalho voluntário existe graças à intervenção econômica.

De acordo com Maria Lúcia, estatísticas mostram que 18% dos brasileiros são voluntários, mas ainda é pouco. O problema estaria no conhecimento: o que é ser voluntário? Nos Estados Unidos, apresentaram um projeto para ensinar crianças de periferia a jogarem xadrez e, com isso, elas obtiveram maior capacidade de raciocínio e tiraram notas melhores na escola.

CENTRO DE VOLUNTARIADO DE SÃO PAULO: av. Paulista, 1.313, 4º andar, sala 460, São Paulo. Telefones: 0/xx/11/284-7171, 288-9056, 287-0912 e 287-0069. E-mail: cvsp@uol.com.br

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