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Shopping Iguatemi ensina linguagem dos sinais a funcionários

Por A Tarde   3 de abril de 2002
Salvador - O maior shopping de Salvador, por onde transitam, em dias úteis, mais de 80 mil pessoas, parece estar preocupado em oferecer um ambiente amigável para todos. O Iguatemi está inscrevendo a maioria dos funcionários de sua administração no curso da professora Larissa Rebouças, de 25 anos, formada em Computação Gráfica pela Unifacs. No shopping, ela está ensinando a Língua Brasileira de Sinais (Libras) a inspetores, recepcionistas, supervisores, enfermeiras, seguranças e atendentes.

Todos eles estão entusiasmados com a possibilidade de comunicarem-se em outra língua, ajudando e mantendo uma interação interpessoal completa com pessoas surdas. O curso de 40 horas é ministrado em turmas que não passam de 20 alunos. A enfermeira Elisabeth está tão impressionada com a experiência que volta a freqüentar as aulas do segundo grupo, que terminarão amanhã, com o objetivo de revisar o assunto.

O curso completo não garante o domínio de todos os sinais e por isso os funcionários são encorajados, pela professora, a praticarem o novo vocabulário entre si. O segurança Márcio Boaventura, que no último final de semana fazia um trabalho extra no Centro de Convenções, conta que o ambiente estava muito barulhento, mas que conseguiu comunicar-se com o colega por meio da Libras. "Aqui no shopping eu pude conversar com cinco surdos durante 15 minutos. É muito gratificante", considera o segurança.

Termo errado

A psicóloga e assessora para o desenvolvimento de pessoas do shopping, Conceição De Man, coordena a execução da iniciativa, que é resultado de um convênio com a Secretaria do Trabalho e Ação Social do Estado. Também ela começará a freqüentar as aulas de Libras. Ela diz que o shopping "quer desenvolver os funcionários não somente como trabalhadores, mas também como pessoas".

Os alunos atestam que a professora Larissa Rebouças tem uma didática que facilita a aprendizagem. A professora, que está pensando em fazer pós-graduação em Pedagogia, explica que o surdo não é necessariamente mudo e que está errado usar o termo "surdo-mudo". Ela ensina que a surdez não é uma doença, é apenas uma diferença que não deve ser tratada com preconceito.

A recepcionista Luciana Lira está encantada com a experiência e acha que o novo conhecimento vai ser muito útil no desempenho da sua função. A colega Schirley Fraga conta que quando precisava prestar informações a um surdo se comunicava através da escrita ou pedia que um inspetor guiasse a pessoa até o lugar cuja localização era desconhecida para ela. Agora, estará apta a comunicar-se normalmente com um surdo. Já o segurança Valtério Campos está feliz em poder, com a nova técnica, ajudar todos que precisarem.

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